" (...) Os preparativos foram demasiado minuciosos , demasiado demorados para o meu gosto. Nos últimos dias já nao conseguia dormir nem ler , já só respirava aos haustos profundos e oprimidos . Tinha necessidade de partir imediatamente , e de me agarrar bem alto à bossa de um camelo , mergulhar nessa imensidão desértica onde os homens , os animais , a água , a areia e o ouro têm todos a mesma cor . , o mesmo valor , a mesma insubstituível futilidade. Depressa descobri que também nos podíamos deixar engolir na caravana , quando os companheiros de viagem sabem que deverão durante semanas e meses caminhar na mesma direção , enfrentar os mesmos perigos , viver , comer , rezar, divertir-se , penar , por vezes morrer juntos . Deixamos de ser estranhos uns aos outros e nenhum vício se mantém escondido , nenhum artifício persiste . Vista de longe a caravana é um cortejo . Vista de perto, é uma aldeia com as suas bisbilhotices , os seus gracejos , as suas alcunhas , as suas intrigas , os seus conflitos e as suas reconciliações , os seus seroes de cantigas e de poesia. Uma aldeia para a qual todos os países estão longe , mesmo aquele de onde se vem , mesmo aqueles que se atravessam .(...) " ( Leão , o Africano. Amin Maalouf )
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